UTECH Dubai 2025 e Perspectivas de M&A no Setor de Poliuretanos, Adesivos e Selantes

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Inovação, sustentabilidade e visão global de suprimentos marcam o evento referência do setor químico no Oriente Médio

Em setembro, a equipe de químicos da igc participou da UTECH Middle East, uma das principais feiras globais do setor de poliuretanos (PU) e o principal ponto de encontro do Oriente Médio para tecnologias em poliuretanos, adesivos, selantes e materiais correlatos. O evento, realizado em Dubai, reuniu mais de 100 expositores e profissionais do mundo todo, oferecendo uma leitura atualizada sobre tendências de formulação, dinâmicas de suprimentos e movimentações estratégicas que devem moldar o setor nos próximos anos.

A presença da igc na UTECH Middle East 2025

Durante o evento, a equipe da igc manteve contato próximo com executivos das principais multinacionais do setor, além de empresas em ascensão global, reforçando o relacionamento com o ecossistema químico internacional.

O objetivo foi acompanhar de perto as estratégias, desafios e visões que impactam o mercado e o ambiente de M&A, com abordagem global e foco particular na América Latina e nos Estados Unidos, regiões em que a igc possui atuação direta e escritórios locais.

Além do segmento de poliuretanos, a igc também marca presença em outras feiras internacionais — nos setores de alimentos e bebidas, cosméticos, farmacêutico e CASE — reafirmando seu compromisso em oferecer inteligência de mercado e assessoria estratégica de excelência para transações de M&A e movimentações corporativas.

Destaques da feira: inovação, sustentabilidade e visão global de suprimentos

A edição 2025 da UTECH Middle East destacou o avanço técnico e o amadurecimento das discussões sobre inovação, sustentabilidade e eficiência na cadeia de matérias-primas.

O poliuretano, material amplamente presente no cotidiano — ainda que muitas vezes de forma discreta —, é usado em aplicações diversas como colchões, travesseiros, assentos automotivos e projetos complexos de construção civil.

1) Inovação no setor de poliuretanos

Com a presença das principais system houses e fornecedores de matérias-primas, ficou clara a necessidade de desenvolver soluções mais inovadoras, voltadas à performance em aplicações moveleiras, automotivas, da cadeia do frio e da construção civil — setor em expansão no Oriente Médio —, priorizando eficiência com menor consumo de insumos.

2) Sustentabilidade como driver futuro

Patrizia Wegner, vice-presidente de Vendas e Marketing da Covestro, encerrou o evento com uma palestra sobre o papel das soluções sustentáveis em poliuretanos para o crescimento responsável da região. Ela destacou o uso de materiais alternativos e recicláveis como ferramenta para reduzir a pegada de carbono, fortalecer a economia circular e ampliar a sustentabilidade da cadeia.

3) Visão global da cadeia de suprimentos

Tobias Spyra, diretor executivo de Aromáticos e Poliuretanos da OPIS (Dow Jones Group), apresentou uma análise detalhada da cadeia global de suprimentos, destacando a queda da demanda europeia, o fechamento de fábricas e o consequente redirecionamento de produtos chineses para a América Latina, em resposta às tarifas impostas pelos Estados Unidos.

O painel reforçou o movimento de otimização de portfólio das multinacionais e a expansão acelerada de unidades produtivas locais, especialmente de system houses em regiões estratégicas.

Ambiente de mercado: entre oportunidades reais e incertezas globais

Além das inovações técnicas apresentadas, executivos globais compartilharam percepções sobre as tendências de M&A nos segmentos de poliuretanos, adesivos e selantes.

Mesmo diante de juros elevados, incertezas na cadeia de suprimentos e decisões mais criteriosas, o mercado segue resiliente. As aquisições continuam sendo um pilar essencial para diversificação geográfica, fortalecimento de portfólios e diferenciação técnica.

Embora o volume de transações tenha diminuído, os players estão mais focados na qualidade estratégica das aquisições, priorizando ativos que gerem valor de longo prazo — especialmente aqueles com P&D avançado, formulações customizadas, fortes relações técnico-comerciais e sólida reputação de mercado.

Na América Latina — em especial Brasil, México e Colômbia — o interesse segue elevado. Essas economias, grandes consumidoras de poliol, isocianato e tecnologias CASE, continuam atraindo investidores globais.

O Brasil se destaca por unir acesso a indústrias moveleiras, automotivas e de construção com alto nível técnico e capacidade de inovação local, posicionando o país como hub estratégico para grupos internacionais que buscam consolidar presença regional.

Durante o evento, a equipe da igc se conectou com os maiores fornecedores globais de matérias-primas e casas de sistema, que reforçaram a importância da diversificação geográfica e da presença produtiva local com equipes regionais especializadas.

Drivers mais relevantes para os compradores em 2025

• Posições estratégicas e de liderança em mercados emergentes, especialmente na América Latina;

• Portfólios especializados e customizáveis, com soluções de alto valor agregado;

• Presença em mercados resilientes e diversificados, menos expostos à volatilidade de preços;

• Capacidade técnica e de formulação própria, com times internos de P&D e aplicações;

• Histórico comprovado de crescimento, solidez financeira e potencial de expansão internacional para plataformas regionais em larga escala.

Um exemplo recente é a aquisição da brasileira Aplinova pela multinacional Prinova (Nagase Group) — assessorada pela igc —, que evidencia o apetite crescente de grupos internacionais em expandir operações na América Latina e fortalecer presença local.

Tarifas dos EUA: incerteza e redirecionamento de fluxos

As possíveis tarifas comerciais dos Estados Unidos foram um dos temas mais discutidos ao longo de 2025. O impacto imediato tem sido o redirecionamento de volumes exportados da China — antes destinados majoritariamente ao mercado americano — para regiões como a América Latina, alterando a dinâmica de oferta e pressionando os preços locais.

Atualmente, as plantas chinesas operam com cerca de 70% de capacidade ociosa, reforçando o movimento global de otimização de portfólios e revisão estratégica das cadeias produtivas.

Apesar das incertezas regulatórias, o interesse em novas aquisições permanece alto, com uma visão de longo prazo positiva — especialmente entre grupos globais que buscam construir plataformas regionais integradas e diversificadas.